
A trama é divida em três linhas narrativas diferentes: uma se passa em tempo real em uma delegacia, a outra coloca em foco o programa de tv e seus bastidores e a última são flashbacks que explicam ao longo de cada acerto como Jamal sabia a resposta.
Com esse roteiro nas mãos Danny Boyle (Trainspotting, Sunshine) conduz uma das mais encantadoras fitas dos últimos tempos. Ambientada na Índia, a trama homenageia o país e flerta com Bollywood através de duas horas coloridíssimas e vibrantes sem jamais esquecer da estória que conta - Baz Luhrmann que abra um buraco em solo australiano e se enterre com seu épico… desastre.
Todos os aspectos técnicos aqui são de um brilhantismo absurdo mas nunca, em momento algum, tomam o lugar da trama, nem por um segundo tornam-se maiores que os personagens e seus sentimentos - estão ali a serviço desses - e a captação do turbilhão de emoções que afloram ao longo dos minutos explicitam o enorme talento de Boyle. Sua direção é impecável, irretocável e inspiradíssima. Aqui o Diretor (mereceu o D maiúsculo) opta por uma linguagem menos alegórica visualmente, respeitando a gramática do cinema e a executando com perfeição. Ele crê mais do que nunca em suas imagens, orgânicas e verdadeiras, logo não sendo necessário nenhum tipo de alegoria ou manipulação visual pois ele consegue extrair a magia do momento com facilidade. O domínio da linguagem e da narrativa são impressionantes. Os planos são inteligentíssimos. E o inglês jamais se deslumbra em detrimento da trama. Assume o papel de um maestro que acredita em sua orquestra e apenas lhes cede as notas que tem consigo recebendo de volta a mais sublime das sinfonias.
O roteiro adaptado por Simon Beaufoy do romance de Vikas Swarup é de uma genialidade bruta. A condução é esperta e dona de ótimas reviravoltas. E caso pareça esquemático, sua última frase se faz valer e ponto. É sim um feel-good-movie, assumidamente e honesto em relação a isso - edificante sim, porém muito longe de ser clichê - e é justamente essa honestidade com o público que faz do filme uma experiência tão rica e cativante. Ao contrário do superestimado filme de David Fincher, O Curioso Caso de Benjamin Button, o texto juntamente com a direção não precisam se preocupar em manipular as emoções do espectador porque existe uma confiança e segurança tão verdadeiras e sinceras na trama que estão narrando que tudo flui com naturalidade sendo que, as leituras e interpretações estão ali para o espectador faze-las da maneira que preferir. Não há nenhum tipo de indução, roteirista e diretor literalmente entregam o filme para a platéia.
O elenco é maravilhoso, todos sem excessão estão ótimos mesmo que alguns mereçam mais destaque que outros. Dev Patel é dono de um carisma incontestável e os demais intérpretes de Jamal (na infância e na pré adolescência) seguem a cartilha fazendo do personagem um dos mais adoráveis e críveis do ano.
Aliado a uma fotografia que explode o colorido, uma trilha sonora vibrante e uma edição de cortes rápidos e montagem original, Boyle faz com que seu filme pulse em ritmo fluente e hipnótico. É uma infinidade de acertos que juntos injetam vida naquela grande tela branca e nos lembram da magia do cinema, nos fazem sentir que aqueles fotogramas estão se movendo sozinhos, que aquilo é real e ainda assim fantástico.
Nada mais precisa ser dito, o filme fala por si só, vive por si só. Quem Quer Ser Um Milionário? não é apenas, e com folga, o melhor filme do ano, não é apenas uma obra-prima. É Cinema em sua essência, puro e vivo.
Download do filme
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